terça-feira, 15 de junho de 2010

Quase Deletérios
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Deitada olhando para o ventilador que gira rigidamente e não pensa, penso em como seria minha vida sem mim, não sou o núcleo do mundo, claramente não sou, muito embora seja eu, o núcleo do meu mundo e de meu ponto de vista.
Minha mãe não seria minha mãe, meu pai não seria meu pai, qualquer pessoa não seria a mesma pessoa, acabei me perguntando, eu faria falta ou diferença?
Já pensou nisso? já tentou se ver sem você, pensar de outra maneira, agir de outra forma, buscar outros valores, já tentou não tentar mais nada?
Essas coisas me confundem e eu me perco em meu eu, que a essa altura, por conta do ventilador que gira, nem reconheço ou me lembro que era, ou melhor, quem fui.
Lembrar da lembrança de outra pessoa não deve ser fácil, ou errar com os erro dos outros. Bom, até tento, mas, quebro a cara com os meus, e isso me ocupa de muito tempo.
Não me acode nenhuma palavra para descrever a sensação que esse ventilador me causa, acho que fico tonto. Tá aí, posso tentar ser um ventilador que não tem mãe nem pai, nem pensa, nem é, só gira.
Não, pensando melhor, não posso tentar, ficaria tonto demasiado para continuar escrevendo o que já nem sei escrever.
Quer saber, isso não me faz bem, ou o bem já não me faz, o fato é que de qualquer maneira, pretendo parar de pensar, ainda mais agora, que o ventilador parou de girar.
Minha vida sem eu, vendo bem, não seria minha vida, seria a vida do meu eu de outra pessoa...
(23/04/10)
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